[133] Deus é Mãe
Faz parte do senso comum que Deus seja chamado de “Pai” na Bíblia. Mas uma coisa que pouca gente se dá conta é que a Bíblia Hebraica (vulgarmente conhecida como “Velho” Testamento) quase não usa esse título para se referir ao Deus de Israel. Acontece, mas não é comum.
O motivo para as pessoas de maneira geral acharem que o Deus das Escrituras é chamado de “Pai” na verdade origina-se no Novo Testamento cristão (isto é, a segunda metade de uma Bíblia Cristã), onde Jesus chama Deus de Pai. Posteriormente, a Igreja Cristã definiu que “Pai” seria o nome de uma das pessoas divinas que comporiam a Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), um dos dogmas cristãos.
O judaísmo rabínico dentro de sua tradição veio a chamar mais corriqueiramente Deus de “Pai” (Abba [אבא]) também, mas não aceita a ideia duma Trindade e nem toma esse título ou metáfora como a mais importante para definir a Divindade, geralmente usando “Adonai” (Senhor) ou “Hashem” (O Nome) ou “Eterno” (no caso do nosso idioma) para remeter ao nome próprio divino, o Tetragrama Yud(Y)-He(H)-Vav(V)-He(H) [יהוה], que é escrito mas não pronunciado.
Então, a ideia da Bíblia Hebraica privilegiar chamar Deus de “Pai” e não de “Mãe” parte de um certo mal entendido a respeito do texto bíblico. Na verdade, a Bíblia Hebraica também não costuma chamar Deus de Pai. A metáfora parental em si não é tão usada nos seus textos. Muito mais comum é a metáfora conjugal ou erótica: Deus como esposo de seu povo Israel, que é assim sua esposa.
Contextualizado melhor esse ponto a respeito da metáfora parental para a Divindade, também é incorreto pensar que a Bíblia Hebraica nunca chame Deus de Mãe. O objetivo desse post é comentar alguns trechos nos quais Deus é entendido como uma Mãe para o seu povo.
Dentro da Torá, encontramos no livro de Deuteronômio o uso de um referencial maternal para Deus na Parashá Hazzinu, na qual Moisés, já próximo de seu falecimento, canta um último Cântico para o povo de Israel:
“Pois o povo preferido do Senhor é este povo, Jacó é a herança que lhe coube.
Numa terra deserta ele o encontrou, numa região árida e de ventos uivantes. Ele o protegeu e dele cuidou; guardou-o como a menina dos seus olhos,
como a águia que desperta a sua ninhada, paira sobre os seus filhotes, e depois estende as asas para apanhá-los, levando-os sobre elas.
O Senhor sozinho o levou; nenhum deus estrangeiro o ajudou.
Ele o fez cavalgar nos lugares altos da terra e o alimentou com o fruto dos campos. Ele o nutriu com mel tirado da rocha, e com óleo extraído do penhasco pedregoso, com coalhada e leite do gado e do rebanho, e com cordeiros e bodes cevados; com os melhores carneiros de Basã e com as mais excelentes sementes de trigo. Você bebeu o espumoso sangue das uvas. (Deuteronômio 32:9–14)
Aqui Deus é comparada a uma águia (fêmea) que cuida dos seus filhotes, os levando debaixo de suas asas e trazendo alimento para eles. Assim, salienta-se o cuidado maternal de Deus para com seu povo à semelhança das mães aves com suas ninhadas. Hoje em dia seria como dizer: Deus é uma Mãe Coruja!
Mais para frente, o cântico prossegue descrevendo como, apesar de todo esse cuidado, o povo viria a trair o seu Deus, e novamente, a metáfora maternal vem à tona:
“Vocês abandonaram a Rocha, que os gerou [yaladecha (יְלָדְךָ֖)]; vocês se esqueceram do Deus que os deu à luz [maholalecha (מְחֹלְלֶֽךָ)].
O Senhor viu isso e os rejeitou, porque foi provocado pelos seus filhos e suas filhas.” (Deuteronômio 32:18,19)
Note que os termos aqui usados fazem referência explícita ao trabalho de parto de uma mãe ao gerar seus filhos biológicos. Compare com os exemplos abaixo:
“Como a mulher grávida, quando está próxima a sua hora, tem dores de parto, e dá gritos nas suas dores, assim fomos nós diante de ti, ó Senhor!
Bem concebemos nós e tivemos dores de parto, porém demos à luz [yaladnu(יָלַ֣דְנוּ)] o vento; livramento não trouxemos à terra, nem caíram os moradores do mundo.” (Isaías 26:17,18)
“Canta alegremente, ó estéril, que não deste à luz [yaladah (יָלָ֑דָה)]; rompe em cântico, e exclama com alegria, tu que nunca esteve em trabalho de parto [halah (חָ֔לָה)]; porque mais são os filhos da mulher solitária, do que os filhos da casada, diz o SENHOR.” (Isaías 54:1)
No cântico de Haazinu, Deus é chamado de “Rocha”. ELA ficou grávida de Israel e deu à luz esse povo, cuidando dele como a mãe águia cuida de seus filhotes. Então, o último cântico da Torá louva a Deus como a Mãe-Rocha e a Mãe-Águia do povo de Israel.
Já no livro do Profeta Isaías, na sua segunda parte (que para a maioria dos estudiosos, foi escrita por um segundo Profeta Isaías vivendo no fim do período do exílio babilônico, às vésperas do retorno dos exilados à Jerusalém), usa bastante da imagem maternal, mas principalmente em referência à Cidade de Jerusalém (“a Mãe-Sião”). No trecho abaixo, ocorre uma alternância bem interessante entre a Mãe-Sião e a Mãe-Deus:
“Regozijai-vos com Jerusalém, e alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais; enchei-vos por ela de alegria, todos os que por ela pranteastes;
Para que mameis, e vos farteis dos peitos das suas consolações; para que sugueis, e vos deleiteis com a abundância da sua glória.
Porque assim diz o Senhor: Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória dos gentios como um ribeiro que transborda; então mamareis, ao colo vos trarão, e sobre os joelhos vos afagarão.
Como alguém a quem sua mãe o consola , assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consolados.” (Isaías 66:10–13)
De início Jerusalém é a Mãe que amamentará novamente seus filhos, depois de tanto tempo que a cidade fora destruída. Mas ocorre uma transição que fica mais clara se invertermos a ordem: Deus consolará a seu povo como a mãe o consola (v. 13), e como um bebê é consolado pela mãe? “então mamareis, ao colo vos trarão, e sobre os joelhos vos afagarão” (v. 12).
Vemos um paralelismo interessante entre essas duas Mães em outro trecho:
“Porém Sião diz: Já me desamparou o Senhor, e o meu Senhor se esqueceu de mim.
Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti.
Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei; os teus muros estão continuamente diante de mim.
Os teus filhos pressurosamente virão, mas os teus destruidores e os teus assoladores sairão do meio de ti.
Levanta os teus olhos ao redor, e olha; todos estes que se ajuntam vêm a ti; vivo eu, diz o Senhor, que de todos estes te vestirás, como de um ornamento, e te cingirás deles como noiva.” (Isaías 49:14–18)
Aqui Sião é filha de Deus, que é a Mãe de Sião. Então, mesmo na hipótese de que uma mãe esqueça do filho que criou, Deus como a Mãe última nunca se esquece da filha que criou, a cidade de Jerusalém. Mas também Sião é Mãe de seus próprios filhos, que a reconstruirão e tornarão a habitá-la.
Outro trecho interessante do profeta (Deutero-)Isaías é quando a redenção que Deus trará ao seu povo e à Sião é uma obra tão maravilhosa que agora Ele não mais pode se conter e precisa gritar, como uma mulher em trabalho de parto:
“O Senhor sairá como poderoso, como homem de guerra despertará o zelo; clamará, e fará grande ruído, e prevalecerá contra seus inimigos.
Por muito tempo me calei; estive em silêncio, e me contive; mas agora darei gritos como a que está de parto, e a todos os assolarei e juntamente devorarei.
Os montes e outeiros tornarei em deserto, e toda a sua erva farei secar, e tornarei os rios em ilhas, e as lagoas secarei.
E guiarei os cegos pelo caminho que nunca conheceram, fá-los-ei caminhar pelas veredas que não conheceram; tornarei as trevas em luz perante eles, e as coisas tortas farei direitas. Estas coisas lhes farei, e nunca os desampararei.” (Isaías 42:13–16)
Note que aqui há uma alternância entre uma metáfora masculina (“como homem de guerra”) e uma metáfora feminina (“como [a mulher] que está de parto”), mostrando como uma metáfora não exclui a outra.
Dentro do contexto da mensagem profética de Isaías, fica claro que o retorno dos exilados com a reconstrução de Jerusalém é comparado a Deus DE NOVO DAR À LUZ SEU POVO.
Como vimos no cântico de Haazinu por Moisés no livro de Deuteronômio, uma vez Deus dera à luz no deserto das redondezas do Monte Sinai. Agora, Ela (a Mãe-Deus) dará à luz de novo ao seu povo, fazendo-o renascer dos escombros do exílio. A esperança de Israel e de Sião no exílio é que sua Mãe, grávida deles, entre em trabalho de parto.
Note que, no cântico de Haazinu, também havia a alternância entre a metáfora do guerreiro e da mãe. Então, a Rocha-Mãe e a Águia-Mãe que gerou filhos rebeldes que a abandonariam, no final será por Ela salva, sendo agora Ela um guerreiro, um homem de guerra:
“Minha é a vingança e a recompensa, ao tempo que resvalar o seu pé; porque o dia da sua ruína está próximo, e as coisas que lhes hão de suceder, se apressam a chegar.
Porque o Senhor fará justiça ao seu povo, e se compadecerá de seus servos; quando vir que o poder deles se foi, e não há preso nem desamparado.
[…] Eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão.
Porque levantarei a minha mão aos céus, e direi: Eu vivo para sempre.
Se eu afiar a minha espada reluzente, e se a minha mão travar o juízo, retribuirei a vingança sobre os meus adversários, e recompensarei aos que me odeiam.
Embriagarei as minhas setas de sangue, e a minha espada comerá carne; do sangue dos mortos e dos prisioneiros, desde a cabeça, haverá vinganças do inimigo.
Jubilai, ó nações, o seu povo, porque ele vingará o sangue dos seus servos, e sobre os seus adversários retribuirá a vingança, e terá misericórdia da sua terra e do seu povo.” (Deuteronômio 32:35–43)
Então, a poesia hebraica, tanto essa na Torá quanto aquela nos Profetas, permite que Deus flua/mude de (papel de) gênero no meio de um mesmo discurso. Um exemplo explícito dessa alternância não-excludente também encontra-se em Isaías, onde o Deus que gera toda a Criação e toda a humanidade é comparável simultaneamente a um pai e a uma mãe:
“Destilai, ó céus, dessas alturas, e as nuvens chovam justiça; abra-se a terra, e produza a salvação, e ao mesmo tempo frutifique a justiça; eu, o Senhor, as criei.
Ai daquele que contende com o seu Criador! o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou a tua obra: Não tens mãos?
Ai daquele que diz ao pai: Que é o que geras? E à mulher: Que dás tu à luz?
Assim diz o Senhor, o Santo de Israel, aquele que o formou: Perguntai-me as coisas futuras; demandai-me acerca de meus filhos, e acerca da obra das minhas mãos.
Eu fiz a terra, e criei nela o homem; eu o fiz; as minhas mãos estenderam os céus, e a todos os seus exércitos dei as minhas ordens.” (Isaías 45:8–12)
Contudo, outra chave de leitura possível é recorrer ao Livro de Juízes, ao atribuir participação ativa de algumas mulheres em uma batalha militar, a Juíza Débora e Jael (que mata Sísera, um cruel opressor do povo de Israel à época), narrativa esta que é contada em Juízes 4–5. A maternidade não necessariamente exclui a guerra de libertação. E Débora denomina a si mesma de uma mãe para Israel, incumbida de libertar esse povo da opressão:
“Nos dias de Sangar, filho de Anate, nos dias de Jael cessaram os caminhos; e os que andavam por veredas iam por caminhos torcidos.
Cessaram as aldeias em Israel, cessaram; até que eu, Débora, me levantei, por mãe em Israel me levantei.” (Juízes 5:6-7)
Esse trecho consta do Cântico de Débora, que é considerado pelos estudiosos como a parte mais antiga de toda a Bíblia Hebraica. Uma poesia épica de uma grande libertação ocorrida, atribuída à líder Débora, diretamente de 3.200–3.100 anos atrás.
E a morte de Sísera pelas mãos de uma mulher, Jael, vinga as filhas de Israel, que eram levadas prisioneiras e repartidas entre os homens de Sísera:
“Bendita seja entre as mulheres, Jael, mulher de Héber, o queneu; bendita seja entre as mulheres nas tendas.
Água pediu ele, leite lhe deu ela; em prato de nobres lhe ofereceu manteiga.
À estaca estendeu a sua mão esquerda, e ao martelo dos trabalhadores a sua direita; e matou a Sísera, e rachou-lhe a cabeça, quando lhe pregou e atravessou as fontes.
Entre os seus pés se encurvou, caiu, ficou estirado; entre os seus pés se encurvou, caiu; onde se encurvou, ali ficou abatido.
A mãe de Sísera olhava pela janela, e exclamava pela grade: Por que tarda em vir o seu carro? Por que se demoram os ruídos dos seus carros?
As mais sábias das suas damas responderam; e até ela respondia a si mesma:
Porventura não achariam e repartiriam despojos? Uma ou duas moças a cada homem? Para Sísera despojos de estofos coloridos, despojos de estofos coloridos bordados; de estofos coloridos bordados de ambos os lados como despojo para os pescoços.
Assim, ó Senhor, pereçam todos os teus inimigos! Porém os que te amam sejam como o sol quando sai na sua força.” (Juízes 5:24–31)
Assim, a redenção de Israel é certa pelas mãos de sua Mãe-Deus, que reunirá seus filhos e filhos dentre todas as partes do mundo:
“Mas agora, assim diz o SENHOR que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.
Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.
Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; dei o Egito por teu resgate, a Etiópia e a Seba em teu lugar.
Visto que foste precioso aos meus olhos, também foste honrado, e eu te amei, assim dei os homens por ti, e os povos pela tua vida.
Não temas, pois, porque estou contigo; trarei a tua descendência desde o oriente, e te ajuntarei desde o ocidente.
Direi ao norte: Dá; e ao sul: Não retenhas; trazei meus filhos de longe e minhas filhas das extremidades da terra,
A todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para a minha glória: eu os formei, e também eu os fiz.” (Isaías 43:1–7)
Recomendo ao leitor duas obras que podem ser interessantes para aprofundar a questão de Deus como Mãe no Profeta (Deutero-)Isaías. “Mixing Metaphors: God as Mother and Father in Deutero-Isaiah” (2004), por Sarah Dille, e “Mother Zion in Deutero-Isaiah: A Metaphor for Zion Theology” (2013), por Maggie Low.
Por fim, como seria usar mais explicitamente essa imagem feminina-maternal para Deus em termos de prática pessoal judaica? Um exemplo interessante é fornecido por certas adaptações de bênçãos (brachot) que usam o gênero gramatical feminino para Deus. Por usar uma bênção adaptada*, é possível meditar mais intensamente nessas metáforas femininas para o Divino, em Deus como a Mãe de Israel e a Mãe de Sião.
Aqui recomendo o “Folheto para o Mês do Orgulho LGBTQIA+” (2021) divulgado pelo coletivo judaico-LGBT Gaavah (גאווה). A bênção tradicional para o acendimento das velas de Shabat é:
Baruch atá Adonai, Eloheinu Melech haOlam, asher kideshanu bemitsvo-tav, vetsivanu lehadlik ner shel Shabat.
ברוך אתה ה’ אלוהינו מלך העולם, אשר קדשנו במצותיו וצונו להדליק נר של שבת.
Abençoado sejas tu, Adonai, nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificou por seus mandamentos e nos ordenou que acendêssemos as luzes do Shabat.
Em linguagem feminina ficaria:
Bruchá at Yá, haShechi-ná tiféret haOlam, asher kideshtinu bemitsvotáh vetsivitinu lehadlik ner shel Shabat.
בְּרוּכָה אַתְּ יָהּ הַשְׁכִינָה תִּפְאֶרֶת הָעוֹלָם אֲשֶׁר קִדְּשְׁתִּינוּ בְּמִצוֹתֶיהָ וְצִויתִינוּ לְהַדְלִיק נֵר שֶׁל שַׁבָּת
Abençoada sejas tu, Shechiná, a Glória do mundo, que nos santificou por seus mandamentos e nos ordenou que acendêssemos as luzes do Shabat.
Schechiná é como a tradição oral judaica vem a chamar o aspecto feminino de Deus. É a Santíssima Presença Divina, uma importante participante da Bíblia Hebraica, por exemplo, no livro do Profeta Ezequiel. E cabe também mencionar a própria personificação da Sabedoria (Chochmá) no livro de Provérbios, como uma mulher, que também pode ajudar na referida meditação. O final de Provérbios aprofunda isso: Provérbios 31 compila a profecia da mãe do Rei Lemuel, mulher esta que pode ser: 1) a Rainha-Mãe de um reino não-judeu; 2) a Rainha-Mãe judia Batsebá, esposa de Davi e mãe de Salomão. Na sabedoria assim transmitida a seu filho (Provérbios 1:8: “não deixes o ensinamento da tua mãe”), ela faz um Ode à Mulher Virtuosa.
Por fim, o folheto também dá uma terceira versão dessa bênção, em linguagem comunal (neutra):
Nevarech et Beer ha-Chayim, Yotséret haOlam, notenet et yecholet hakedushá laassót mitsvá leha-dlik ner shel Shabat.
נְבָרֵך אֵת בְּאֵר הַחַיִים יוֹצֶרֶת הָעוֹלָם נוֹתֶנֶת אֶת יְכֹלֶת הַקְדֻשָׁה לַעֲוֹשׂת מִצְוָה לְהַדְלִיק נֵר שֶׁל שַׁבָּת
Abençoamos a Fonte da Vida, Criadora do Universo, que nos permite alcançar a santidade ao respondermos o chamado para acender as luzes do shabat.
Grande é o Deus de Israel, a Mãe de Israel!
*Obviamente o uso de berachot adaptadas para o feminino ou neutro não exclui o uso das bênçãos tradicionais com o gênero gramatical masculino para Deus, como já mostrei que as próprias fontes permitem a alternância entre tais “generificações”. Além disso, também é possível meditar nessas metáforas femininas quando se usa o gênero gramatical masculino para Deus, porque gênero gramatical não necessariamente indica o gênero do objeto do discurso, por exemplo, “leite” em português é uma palavra masculina, mas não quer dizer que o leite seja homem. Então, o fato de usarmos termos masculinos para Deus não quer dizer que Deus seja um homem ou que Ele seja mais masculino que feminino. Contudo, usar a terminologia feminina ou neutra pode ser útil para focar nessa outra forma de ver o Divino que, por vezes, a linguagem mais usada pode obscurecer.
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