[54] Homossexualidade e Bíblia Hebraica 1- introdução
Agora que já discutimos vários temas da Bíblia Hebraica, do judaísmo e do existencialismo judaico em geral, chegou a hora de adentrar um assunto polêmico, que é um prato-cheio para religiosos fanáticos: o tratamento da homossexualidade na Bíblia.
Eu preferia ir direto ao tema sem precisar fazer uma introdução, mas como é uma questão que deixa muitas pessoas, digamos assim, ‘emocionadas’ demais, entendi por bem fazer um comentário preliminar.
Em primeiro lugar, esses posts sobre o assunto continuarão seguindo o formato do blog de textos razoavelmente curtos/não longos. Mas nesse caso dada a natureza do tema vou dividir em ‘partes’.
Então os posts desta série terão sempre a frase ‘Homossexualidade e Bíblia Hebraica’ seguidos de um número, que indica a sucessão dos textos. O atual é a parte 1 dessa série de posts, o próximo será a parte 2 etc.
Por que estou falando isso? Porque sei que algumas pessoas poderão se sentir tentadas a dizer que, em um dado texto, omiti alguma coisa que supostamente invalidaria a linha de raciocínio que irei desenvolver. Ao que eu já aviso de antemão: leia a série completa. Você pode se surpreender.
Em segundo lugar, sendo um blog voltado à perspectiva judaica, eu me concentrarei na Bíblia Hebraica, na Jurisprudência Judaica (Halacha), na história judaica e nos diversos ramos do judaísmo contemporâneo para que consigamos entender essa questão em um panorama bem amplo. MAS isso não significa que o conteúdo abordado será relevante apenas para judeus.
A Bíblia Hebraica corresponde à maior parte da Bíblia Cristã, o seu ‘Velho’ Testamento, e a Igreja cristã bebeu na tradição judaica em seus primórdios. Portanto, o conteúdo é relevante para os cristãos.
Por outro lado, muitos céticos (especialmente neo-ateus) tem uma visão pejorativa da Bíblia Hebraica (que já mostrei ser uma caricatura diversas vezes neste blog em posts anteriores sobre vários temas). É relevante para eles reavaliar criticamente esse entendimento inclusive em tópicos polêmicos como o dessa série.
No final da série, também farei um esforço de examinar o Novo Testamento cristão e o cristianismo à luz da linha de raciocínio que terei desenvolvido para a Bíblia Hebraica e o judaísmo. Tentarei mostrar que uma linha de raciocínio similar é possível para o caso do Novo Testamento.
Afinal, no mínimo, tendo trabalhado o panorama do ‘Velho’ Testamento anteriormente, já se terá meio caminho andado para isso ser desenvolvido em termos cristãos também. Um entendimento mais adequado da Bíblia Hebraica certamente impacta no entendimento da outra religião que incorporou esses livros como seus textos sagrados também.
Será que realmente a Bíblia Hebraica proíbe de forma absoluta a homossexualidade e, pior ainda, estimula o ódio contra homossexuais (e pessoas LGBT de maneira geral)?
No próximo ano… judaico (que iniciará neste fim de semana, com Rosh Hashaná) iremos descobrir.
Shana Tová!
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